
Rio de Janeiro desestruturado.
Primeiro, o medo vinha do céu: objetos caindo de prédios e marquises desabando. Depois, do chão: bueiros passaram a explodir. Em outubro do ano passado, quando um vazamento de gás mandou para os ares o restaurante Filé Carioca, na Praça Tiradentes, parecia que nada de pior poderia acontecer. O desabamento de três prédios na noite de quarta-feira, próximo à Cinelândia, não deixa dúvidas: com milhares de pessoas circulando todos os dias, o Centro virou um território perigoso.
O Rio é uma cidade muito antiga, com muitos prédios antigos, mal conservados. Depois dos episódios dos bueiros, o que se esperava era uma onda de fiscalização nas instalações no Centro - reclamou o militar Nivaldo Carvalho, que acompanhava indignado o trabalho de resgate dos corpos.

As quedas de objetos no Centro tornaram-se comuns na década passada. Um dos casos mais graves ocorreu em agosto de 2001, quando uma marreta que caiu de um edifício na Avenida Rio Branco e matou o projetista Jorge Claudino Vieira, de 50 anos. Já as explosões de bueiros passaram a ser frequentes no ano passado. No dia 5 de julho de 2011, quatro tampas de galerias da Light foram arremessadas ao ar na Rua da Assembleia, próximo ao Largo da Carioca, deixando dois feridos.
No dia 13 de outubro do ano passado, a explosão do Filé Carioca, deixou três mortos e 17 feridos. Foram retiradas 160 toneladas de escombros do local. Um vazamento de gás foi apontado pelas autoridades como a causa do acidente. A explosão ocorreu por volta de 7h30m, criando um cenário de destruição na Praça Tiradentes.
Agora três prédios desabam no Centro do Rio de Janeiro
Os três prédios localizados ao lado do Theatro Municipal desabaram por volta das 20h30. O teatro não foi atingido, mas seu anexo, onde funciona a bilheteria, sofreu danos por causa dos escombros.
Segundo o subsecretário da Defesa Civil, Márcio Mota, cinco corpos de vítimas já foram localizados nos escombros, mas apenas três deles foram retirados. O Corpo de Bombeiros, no entanto, ainda não confirma a localização de mais dois corpos.
Ao menos 19 pessoas ainda estão desaparecidas.
Ontem, cinco pessoas foram resgatadas com vida, mas ficaram feridas. Três permanecem internadas no hospital Souza Aguiar.
O prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), afirmou na manhã de hoje que os indícios apontam que é improvável que o desabamento de três prédios no centro do Rio tenha sido causado por uma explosão. A principal hipótese até o momento aponta para problema na estrutura de um dos prédios.
"Provavelmente, houve uma falha estrutural do prédio maior --de 20 andares-- que levou ao desabamento dos outros dois prédios menores --de 10 e quatro andares", afirmou o prefeito. Ele acrescentou ainda que a resposta definitiva sobre as causas do desabamento será dada pela perícia.
Segundo o Crea (Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura) do Rio, não havia qualquer registro da obra que estava sendo realizada em dois andares de um dos prédios que desabou. De acordo com relatos de testemunhas, havia obras nos 3º e 9º andar do prédio.
Os prédios da região foram interditados. De acordo com os bombeiros, eles não foram comprometidos, mas foram interditados por precaução. O prédio do Liceu Literário Português é um dos que foram esvaziados.
Interdição
Devido ao trabalhos no local do desabamento, a avenida 13 de Maio (onde ocorreu os desabamento) está totalmente interditada nesta quinta-feira.
A avenida Almirante Barroso também foi bloqueada entre a rua Senador Dantas e a avenida Rio Branco. Já Senador Dantas funciona com mão invertida entre a Almirante Barroso e a rua Evaristo da Veiga.
O metrô funciona normalmente hoje. Ontem, as estações Uruguaiana, Carioca, Cinelândia e Presidente Vargas precisaram ser fechadas devido ao desabamento.
Doações de sangue
O HemoRio, que coleta sangue para distribuir aos bancos dos hospitais do Estado, informou que precisa de doações devida ao desabamento. O HemoRio está aberto e funciona na rua Frei Caneca, 8, região central.
Segundo a assessoria de imprensa, o estoque já estava baixo, e algumas bolsas de sangue já foram encaminhadas ao Hospital Souza Aguiar, onde três feridos ainda estão internados.







